De volta ao Brasil, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro iniciou uma rodada de conversas para avaliar a possibilidade de concorrer ao Planalto em 2022. Um dos fatores que podem dificultar sua presença na corrida eleitoral é a fragmentação das pré-candidaturas da chamada terceira via.
Desde o início do ano, Moro vem dialogando com defensores de uma chapa com perfil de centro, que seja uma alternativa aos nomes de Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas a divisão do grupo já é vista por aliados do ex-ministro como um complicador para sua decisão.
Desde seu retorno ao País, na semana passada, Moro
já tem conversado pessoalmente ou trocado mensagens com outros possíveis
candidatos da terceira via, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB),
e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, para avaliar o
cenário eleitoral. No sábado, também se reuniu com a cúpula do Podemos na casa
do senador Oriovisto Guimarães (PR). O partido já lhe ofereceu o espaço para
concorrer à Presidência e Moro pediu para decidir até novembro.
Segundo interlocutores do ex-ministro, a divisão da
terceira via é uma das dificuldades para Moro aceitar concorrer. Hoje, o PSDB
passa por um processo de intensa disputa interna com a realização de prévias
eleitorais, opondo Doria e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. DEM e PSL, que indicavam sua disposição de lançar uma
candidatura presidencial, estão em plena fase de fusão no
que deverá se transformar no maior partido do Congresso, e isso pode mudar seu
peso no debate pela sucessão.
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Além disso, outros nomes ainda se colocam como
pré-candidatos do grupo, como a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o senador
Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ainda existe a possibilidade real de o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), trocar o DEM pelo PSD para entrar
na disputa de 2022. Com tantas indefinições, existe a dúvida entre os aliados
de Moro se será possível organizar essas forças de centro e centro-direita em
torno de um projeto presidencial comum.
Independentemente de ser candidato ou não no
próximo ano, Moro não pretende abrir mão de ser uma força influenciadora na
campanha, apoiando algum candidato que abrace sua bandeira de combate à
corrupção. O ex-juiz tem lamentado publicamente, por exemplo, a possibilidade
de o Congresso reduzir o alcance da lei de improbidade administrativa. Assim,
se decidir não concorrer ao Planalto, Moro poderá optar pelo alinhamento a um
candidato que se posicione contra ações como essa.
Moro decidiu esperar até novembro, quando seu contrato de consultor com a Alvarez & Marsal completará um ano. Ele tem trabalhado como diretor-executivo do escritório da empresa em Washington na área de compliance. Assim, ele decidirá se renovará o contrato ou migrará para a arena eleitoral.
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