Em um intervalo de aproximadamente trinta dias,
destruíram os direitos trabalhistas de 74 anos previstos na CLT através
da sua fragilização, condenaram Lula a 9 anos de prisão e livraram Temer
de um processo de cassação, quando o plenário da Câmara recusou o
pedido para a abertura do processo contra o Presidente ilegítimo. Os
setores estratégicos da burguesia golpista aceleram o desmonte dos
direitos sociais e políticos da sociedade brasileira com suas medidas
regressivas.
Enquanto os ajustes do capital são feitos nos
andares de cima, os governadores e prefeitos vão se adaptando a agenda
regressiva e conservadora, arrochando salários dos servidores, cortando
verbas de setores estratégicos e reprimindo aqueles que estão à margem
da sociedade de consumo, criminalizando a pobreza e abarrotando os
presídios de pobres e negros.
O PSOL e sua bancada federal se colocaram
claramente contrários ao golpe, mobilizando sua militância em defesa da
legalidade, sem deixar de demarcar nossas diferenças com o governo
Dilma.
Importante também destacar o papel da Frente Povo
Sem Medo na resistência e mobilização contra a agenda regressiva do
governo golpista, a mobilização da sociedade pelas diretas já e eleições
gerais, a retomada das ruas pela esquerda e a greve geral de 28 de
abril, ainda que insuficientes para mudarem a correlação de forças,
mostram que existe mobilização social suficiente para retomar a luta e a
construção de alternativas à esquerda para o Brasil.
A ação em frente única com diversos setores
sociais, políticos e partidários contra o golpe e seu programa
econômico, não pode significar perder de vista a necessidade de
reorganizar a esquerda para a disputa eleitoral de 2018 (ou antes de
2018 se vitoriosa a campanha por antecipação de eleições) em torno de um
programa que supere nacionalmente as limitações do Lulismo e no estado
derrote o desgoverno do PSB.
O governo Paulo Câmara, é a continuidade do
projeto político de Eduardo Campos, que foi baseado em um modelo de
desenvolvimento econômico fundamentado em isenções e incentivos fiscais
ao empresariado, que se esgotou e deixou o Estado em profunda
fragilidade financeira. O atual Governo desmorona sem rumo com
consequências graves para a população. A violência, o estado precário do
serviço público, as obras paradas e o envolvimento cada vez mais
evidente dos principais agentes políticos do PSB em esquemas de
corrupção. Tudo isso revela sua falência política e administrativa.
Por outro lado, a oposição feita pelo senador
Armando Monteiro não dialoga com as necessidades da classe trabalhadora
pernambucana e não apresenta programa para a superação da crise
instaurada no Estado. Suas posições políticas em favor das reformas
regressivas, suas articulações políticas com o PSDB e o DEM no estado
revelam qual será a prioridade estratégica de um possível governo.
Nos últimos anos o PT e o PCdoB não tem se
apresentado como alternativa de esquerda ao povo pernambucano, sempre se
aliando a projetos das oligarquias, sendo capitaneados, ora pelo PSB de
Paulo Câmara e Eduardo Campos, ou junto ao PTB de Armando Monteiro, não
tendo legitimidade para se apresentar como o novo neste processo. Desde
sua fundação o PSOL tem se apresentado como um projeto de esquerda nas
eleições do Estado.
Por isso, nas eleições de 2018 o Partido
Socialismo e Liberdade em Pernambuco terá candidatura própria ao Governo
do Estado. É urgente lançar nossos nomes de pré-candidatos e iniciarmos
o debate com o povo acerca da falência do Estado, construindo um
programa político com nossas bases no interior e na RMR, convidando os
setores progressista da sociedade, da academia, dos sindicatos e
movimentos sociais. Por isso, reafirmamos que o partido terá
candidaturas majoritárias próprias e apresentaremos chapas proporcionais
amplas e espalhadas por todo o estado.
A expressão da intervenção institucional do PSOL
representada pelo mandato de oposição a gestão do PSB na Prefeitura do
Recife do Vereador Ivan Moraes, e pelo mandato também de oposição ao
Governo do PSB em Pernambuco, do Deputado Edilson Silva, nos colocam a
tarefa de não recuar nessa presença institucional, a manutenção de um
mandato do PSOL na ALEPE é central na nossa participação no processo
eleitoral de 2018.
Trabalhamos para que PSOL esteja a serviço das
lutas em Pernambuco e o compreendemos como parte importante do processo
de reorganização de esquerda, no qual participam outros setores sociais
importantes que estão superando os limites da estratégia de conciliação
de classes que o lulismo representa.
Preservamos o PSOL para intervir na conjuntura de
forma consequente e contribuir para a construção de uma alternativa que
se expressa na luta direta e radical. Cada vez mais enquanto partido
militante e presente nas ocupações, travamentos, greves gerais,
paralisações de categorias e que defenda um projeto popular de esquerda,
ecossocialista e de luta contra as opressões em Pernambuco.
Repudiamos qualquer tentativa de sobrepor a
responsabilidades das nossas instâncias de tratar e acordar questões de
tática eleitoral. A direção estadual do PSOL Pernambuco será sempre o
interlocutor prioritário nessas discussões.
O PSOL Pernambuco deve iniciar com urgência um
amplo debate programático com sua militância, com seus quadros
políticos, respeitando nossa diversidade interna e nossas instâncias
partidárias. Continuando aberto para absorver elaborações programáticas
de ativistas independentes, movimentos sociais, da esquerda social do
estado, de organizações e coletivos políticos que tenham ou não
legalidade partidária. Saudamos os setores da esquerda pernambucana que
apresentam possibilidades de desvinculação eleitoral e política com o
PSB de Paulo Câmara e o PTB de Armando Monteiro e convidamos para
iniciar conosco um grande processo de debate e de articulação da classe
trabalhadora em torno de um programa socialista e popular para o Estado
de Pernambuco.
Diretório Estadual do PSOL Pernambuco
Recife, 03 de Agosto de 2017
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