
Incêndio florestalFoto: Agência Brasil
Maria de Fátima e o marido foram algumas das centenas de pessoas que, diante da proximidade das labaredas, tentaram usar as rodovias da região para escapar. Com as altas temperaturas -cerca de 40ºC- e os ventos fortes, a estrada rapidamente também acabou tomada pelas chamas.
"Fomos por lá porque não se sabia que a estrada estava em perigo", explica Maria, com a voz embargada. "Não se via nada, nada. Era horrível. Os pinheiros começaram a cair para cima dos carros", descreve ela, que, assim como o marido, conseguiu escapar do carro e da estrada, apesar de queimaduras de primeiro e segundo graus nos braços e no pescoço.
A moradora diz que houve pânico na estrada e que vários veículos acabaram batendo, diante da fumaça e das árvores incandescentes que tombavam no caminho. "Eu gritei para a senhora que estava no carro atrás de mim sair, mas ela não conseguiu", relata.
Ela diz que perdeu documentos, dinheiro e quase todos os pertences com incêndio.
MAIOR DA HISTÓRIA
O incêndio florestal na região de Leiria, próxima a Coimbra, já é o maior da história de Portugal, um país que tem já tem tradição de ser castigado pelo fogo durante os meses mais secos do ano (entre maio e setembro).
Chegou-se a cogitar que o fogo seria criminoso, mas a hipótese foi descartada pela PJ (Polícia Judiciária), responsável pela investigação. Segundo a PJ, o fogo começou com um raio que atingiu uma árvore. Com os ventos fortes, o clima seco e as altas temperaturas, as chamas rapidamente se alastraram.
O fogo começou em Pedrógão Grande e chegou com velocidade às vilas vizinhas de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra. Atualmente, cerca de 900 bombeiros (muitos deles voluntários), e cerca de 300 viaturas trabalham no combate ao incêndio, que ainda não foi controlado em várias de suas frentes.
Diante da tragédia, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, foram até local acompanhar as operações. "Temos pela primeira vez uma calamidade humana desproporcionada", resumiu o socialista António Costa.
"Essa é uma realidade, nova, dura, e que vai exigir de todos nós muita consideração e atenção às famílias. A prioridade agora é combater o incêndio e auxiliar as famílias que estão enlutadas", completou. "Muito provavelmente, o número de mortos irá subir", admitiu o primeiro-ministro.
Diversos países europeus manifestaram solidariedade e pesar com as vítimas portuguesas. O governo da França e da Espanha estão enviando auxílio material, sobretudo helicópteros, para combater o incêndio. Devido ao fogo, várias regiões ficaram isoladas, com as estradas cortadas e também sem luz, telefone e internet devido ao derretimento dos cabos.
Neste domingo (18), o governo português decretou três dias de luto nacional. A agenda do presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi suspensa até terça (20).
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