
Kid Vinil faleceu aos 62 anosFoto: Divulgação
O
cantor, compositor e radialista Kid Vinil morreu na tarde desta sexta
(19), aos 62 anos. Ele estava internado, em coma induzido, no hospital
TotalCor, nos Jardins, em São Paulo. Batizado Antonio Carlos Senefonte,
Kid Vinil ganhou fama nos anos 1980 como vocalista das bandas Magazine e
Verminose. Ultimamente, liderava a banda Kid Vinil Xperience e
apresentava o "Programa do Kid Vinil", às quintas, na 89 FM.
Seu
estado de saúde era grave desde que ele passou mal em um show, no dia
16 de abril, no município de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. Após
campanha na internet, a família do músico conseguiu arrecadar dinheiro
para transferi-lo para São Paulo, no Hospital da Luz, no bairro da Vila
Mariana. De lá, ele seguiu para o TotalCor.
Quando
se sentiu mal, o artista participava de um projeto temático dos anos
1980, acompanhado de Kiko Zambianchi e Ritchie. Após fazer o show de
abertura, Kid teria reclamado de fraqueza e sido atendido pela
enfermeira do clube e por médicos que estavam na plateia, antes de ser
resgatado pelo Samu.
Segundo
seu produtor, Márcio de Souza, o estado de saúde de Kid era grave e o
artista podia apresentar sequelas preocupantes devido ao tempo que ficou
com fraca oxigenação. Souza e amigos do cantor negociaram com o
convênio médico a possibilidade de transferi-lo via helicóptero a um
hospital de São Paulo e cogitaram arrecadar fundos com as pessoas
próximas para pagar o resgate aéreo.
BIOGRAFIA
Kid
Vinil será sempre lembrado pela sua interpretação de "Sou Boy", canção
de 1983 que o alçou à fama nacional e ao ódio quase eterno dos punks
radicais brasileiros. Mas sua grande contribuição ao rock brasileiro
veio de sua atuação como radialista.
Antonio
Carlos Senefonte estreou no rádio na virada da década de 70 pra 80, com
um programa às 22h de segunda, na Excelsior, apresentando aos
paulistanos bandas que haviam recém sacudido a cena nova-iorquina e
londrina como Ramones e Sex Pistols.
Seu
apelido veio justamente para o programa de rádio: uma junção Kid
Jensen, radialista da BBC, e o empresário da banda punk The Clash, Kosmo
Vinyl. Kid Vinil não se ateve ao rock internacional. Foi fundamental
para os primeiros passos das bandas nacionais, tocando o primeiro
compacto do "Ultraje a Rigor", "Inútil" ("A gente não sabemos escolher
presidente/A gente não sabemos tomar conta da gente") e uma fita cassete
do Ira!, com "Pobre Paulista".
Quando
se lançou como cantor da banda Magazine, que ainda emplacou o hit "Tic
Tic Nervoso" (1984), Senofonte já trabalhava havia dez anos na gravadora
Continental. Foi uma época áurea: contratado como auxiliar do
departamento pessoal, ele ouvia através das paredes, nas reuniões do
departamento artístico, discos que estavam sendo lançados lá fora e
distribuídos aqui pela empresa: "Physical Graffiti" (1975), do Led
Zeppelin ou "Some Girls" (1978), dos Rolling Stones.
Senofonte
nasceu em 1955 em Cedral, pequeno município vizinho a São José do Rio
Preto (440 km a noroeste de São Paulo). Mas, segundo a biografia
autorizada "Kid Vinil - Um Herói do Brasil" (Edições Ideal, R$ 39,90,
160 págs.), de Ricardo Gozzi e Duca Belintani, seus pais nunca se
entenderam a respeito da data.
O
nascimento foi em 26 de fevereiro (segundo a mãe) ou em 10 de março (o
pai). Seja como for, ainda criança, Senefonte mudou-se para a zona leste
da capital paulista. Aos 11, foi ajudante de sapateiro. Aos 14,
office-boy em um depósito de materiais de construção.
Aos
18, estudante de administração de empresas, conseguiu entrar na
Continental. Começou selecionando funcionários para trabalhar nas
prensas de vinil, e chegou a cuidar de artistas nacionais, de Tonico e
Tinoco a Secos & Molhados. Seu primeiro disco,ele conta na
biografia, foi um compacto duplo dos Beatles, de "Magical Mistery Tour".
Depois, vieram "Yellow Submarine" e "White Album", da mesma banda.
Folha PE
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