Ao menos 20 funcionários públicos foram presos pela Polícia Federal
(PF) nesta sexta-feira (17) suspeitos de envolvimento na Operação Carne
Fraca, que investiga a venda ilegal de carnes. Foram emitidos 38
mandados de prisão - 34 contra funcionários públicos. A operação apura o
envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento em um esquema de liberação de licenças e fiscalização
irregular de frigoríficos.
Também foram presos executivos de grandes grupos frigoríficos, como o
gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney
Nogueira dos Santos; o diretor da BRF André Luis Baldissera; e o
funcionário da Seara, empresa da JBS, Flávio Evers Cassou. Segundo o
Jornal Hoje, o dono do frigorífico Larissa, Paulo Rogério Sposito,
também foi preso.
A operação foi deflagrada no início da manhã desta sexta, mas até as
15h a PF ainda não havia detalhado quem e quantos são os presos.
Além dos 38 mandados de prisão - 27 de prisão preventiva, 11 de prisão
temporária - foram emitidos 77 mandados de condução coercitiva e 194 de
busca e apreensão. As ordens judiciais são cumpridas em São Paulo,
Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas
Gerais e Goiás.
Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que
controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi,
Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a
PF, de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do
Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo. O G1 tenta contato com as empresas citadas.
Veja as empresas que são alvo de busca e apreensão na operação Carne Fraca:
- Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.
- BRF - Brasil Foods S.A.
- Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial
- E.H. Constantino
- Frango a Gosto
- Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
- Frigomax - Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.
- Frigorífico 3D
-Frigorífico Argus Ltda.
- Frigorífico Larissa Ltda.
- Frigorífico Oregon S.A.
- Frigorífico Rainha da Paz
- Frigorífico Souza Ramos Ltda.
- JBS S/A
- Mastercarnes
- Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.
- Peccin Agroindustrial Ltda./Italli Alimentos
- Primor Beef - JJZ Alimentos S.A.
- Seara Alimentos Ltda.
- Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística
- Breyer e Cia Ltda.
- Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP
Segundo a PF, os frigoríficos investigados usavam produtos químicos para “maquiar” carne vencida,
injetavam água para aumentar o peso dos produtos e, em alguns casos,
foi constatada ainda falta de proteína na carne. A PF, no entanto, não
detalhou ainda em quais empresas foram encontradas as irregularidades.
Em nota, a JBS afirmou que a empresa e suas subsidiárias "atuam em
absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à
produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia
as ações que visam punir o descumprimento de tais normas", diz a nota. (veja íntegra no fim da reportagem)
Em nota enviada ao mercado, a BRF informou que está colaborando com as
autoridades para o esclarecimento dos fatos. "A companhia reitera que
cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização
de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua
com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus
produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja
no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua".
A Central de Carnes Paranaense, dona das marcas Master Carnes, Souza
Ramos e Novilho Nobre, esclareceu em nota que recebeu a visita dos
policiais, mas que nenhum de seus funcionários foi detido. A empresa
disse que está colaborando com as investigações, que classifica como "de
suma importância para uma concorrência leal do mercado" e que está
comprometida "com a verdade e com a ética".
Ministério da Agricultura
Em dois anos de investigação, detectou-se que funcionários de
superintêndencias regionais de Paraná, Minas Gerais e Goiás recebiam
propina para facilitar a produção dos alimentos adulterados, emitindo
certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
Em sua decisão, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara
Federal de Curitiba, diz que o envolvimento do Ministério da Agricultura
é "estarrecedor". "(O ministério) foi tomado de assalto – em ambos os
sentidos da palavra – por um grupo de indivíduos que traem reiteramente a
obrigação de efetivamente servir à coletividade", afirmou.
Partidos e políticos citados
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado na investigação.
Em conversa grampeada quando ele ainda era deputado federal, Serraglio
chama o ex-superintendente regional no Paraná do Ministério da
Agricultura, Daniel Gonçalves Filho, de “grande chefe”.
Segundo a PF, a investigação apontou que parte da propina recebida pelas superintendências ia para o PMDB e o PP. O PMDB informou que desconhece o teor da investigação, e o PP ainda não se manifestou.
Veja a íntegra das notas das empresas:
- JBS
Em
relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a
JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus
executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa
operação.
A ação deflagrada hoje em diversas empresas
localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades
produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na
unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico
veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da
Agricultura.
A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto
cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a
comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que
visam punir o descumprimento de tais normas.
A JBS no
Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas,
processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade
de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas
certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que
comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.
A
Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas
relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou
comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor
interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.
- BRF
BRF
S.A. (“BRF” ou “Companhia”), nos termos da Instrução CVM n°358, de 3 de
janeiro de 2002, comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral
que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta
sexta-feira, está colaborando com as autoridades para esclarecimento dos
fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos
referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui
rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A
BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que
não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais
de 150 países em que atua.
- Central de Carnes Paranaense
Em
atenção à imprensa e à sociedade, em virtude de notícias veiculadas
nesta sexta-feira (17), a empresa Central de Carnes Paranaense Ltda.,
dona das marcas Master Carnes, Novilho Nobre e Souza Ramos, esclarece
que recebeu a visita dos policiais federais nesta manhã, e que colaborou
no que foi possível e continuará colaborando.
Nenhum de
nossos diretores e/ou funcionários está detido. É importante que se
desvincule a ideia de que todas as empresas investigadas pela policia,
de fato adulterem e/ou burlem a lei, e sim fazem parte da investigação,
pois necessitam dos serviços do MAPA, isto é, uma vez que todas as
nossas empresa tem certificação do ministério, é necessário que sejamos
auditados e fiscalizados pelo órgão.
Comprometidos com a
verdade e a ética que sempre pautou nossa linha de procedimento,
informamos que os produtos fornecidos por nossas empresas seguem a risca
as exigências de qualidade. Outro ponto que fazemos questão de destacar
é, que acreditamos que esta investigação é de suma importância para uma
concorrência leal no mercado, onde quem ganha é o consumidor.
Tenham
a certeza de que a credibilidade de nossa empresa não ficará manchada,
pois a nossa filosofia de trabalho sempre foi pautada na verdade e na
ética.
sexta-feira, 17 de março de 2017
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